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Os 10 maiores desastres ambientais no Brasil
Os 10 Maiores desastres ambientais no Brasil
- 2000 – Vazamento de óleo na Baía de Guanabara...
Há 19 anos, um vazamento de óleo de grandes proporções foi o responsável por mudar o cenário da Baía de Guanabara e contaminar grande parte do ecossistema de mangues no entorno. No 18 de janeiro de 2000, um duto da Petrobrás que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao terminal Ilha d'Água, na Ilha do Governador, rompeu-se provocando um vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo combustível nas águas da baía. A mancha se espalhou por 40km².
O episódio entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais ocorridos no Brasil.
O vazamento afetou milhares de famílias que viviam da pesca e de atividades ligadas ao pescado. Na época, a Petrobras pagou uma multa de R$ 35 milhões ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e destinou outros R$ 15 milhões para a revitalização da baía.
A Federação dos Pescadores do Rio de Janeiro (Feperj) entrou, em março de 2000, com uma ação coletiva na Justiça cobrando danos morais entre R$ 60 e 90 mil por prejudicado para cerca de 12 mil pescadores. Responsável pelos dutos que vazaram, a Petrobras, mesmo tendo sido condenada, não pagou as indenizações.
- 2000 - Vazamento de óleo em Araucária...
16 de julho de 2000 um vazamento de proporções gigantescas derramava óleo que seria refinado na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. Um total, quatro milhões de litros de petróleo cru vazaram de um duto do OSPAR (Oleoduto Santa Catarina – Paraná) e contaminavam a bacia do Arroio Saldanha e os rios Barigui e Iguaçu. O derramamento foi equivalente a pouco mais de 25 mil barris ou 115 piscinas grandes (capacidade de 35 mil litros). O óleo percorreu uma distância de 120 quilômetros da refinaria.
Nos dias posteriores à tragédia da Repar, o cenário era tenebroso. A mancha negra chegava a cobrir todo o leito dos rios em determinados pontos. A fauna e a flora local foram devastadas. Levantamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) apontou que de cada oito animais retirados pelas equipes de resgate, apenas um sobrevivia.
O vazamento evidenciou o despreparo da empresa no atendimento a acidentes de grandes proporções. Centenas de trabalhadores foram recrutados para atuar na limpeza dos rios sem qualquer tipo de capacitação e, pior ainda, sem equipamentos básicos de segurança. Muitos passavam mal durante o trabalho e não tinham atendimento médico adequado. As refeições eram feitas às beiras dos rios, sem condições mínimas de higiene.
A postura da empresa foi vexatória em todos os aspectos. Desde o tratamento aos terceirizados que atuaram na limpeza do óleo até a versão sobre as causas do acidente. De acordo com a gestão da refinaria da época, a Comissão de Sindicância interna conclui que o vazamento foi “decorrente da ruptura da junta de expansão localizada a jusante de uma das válvulas do sistema de controle de fluxo na área do ‘scraper trap’’, e, ainda, que o “acidente foi produzido por falha humana”, e que a “extensão do vazamento foi decorrente da inobservância de procedimentos operacionais”.
- 2001 – Incêndio na Plataforma P-36...
A plataforma afundou no dia 18 de março, em uma profundidade de 1200 metros e com estimadas 1500 toneladas de óleo ainda a bordo, foi a maior plataforma semi submersa de produção de petróleo no mundo, antes de seu naufrágio em março de 2001.
A plataforma era da Petrobras e custou 350 milhões de dólares. Sua construção teve início na Itália em 1995 com um casco semi submerso (com colunas estabilizadoras) e terminou no Canadá em 2000. A P-36 era operada pela ''Petrobrás'' no campo de Roncador, Bacia de Campos, distante 130 km da costa do estado do Rio de Janeiro, produzindo 84.000 barris de petróleo por dia.
Na madrugada do dia 15 de março de 2001 ocorreram três explosões em uma das colunas da plataforma, sendo a primeira às 0h22m e a segunda às 0h39m (não há informações sobre o horário da terceira explosão). Segundo a Petrobras, 175 pessoas estavam no local no momento do acidente, das quais 11 morreram, todas integrantes da equipe de emergência da plataforma. Depois das explosões, a plataforma inclinou-se em 16 graus, devido ao bombeamento de água do mar para o seu interior, o suficiente para permitir alagamento, que levou ao seu naufrágio.
Tentativas de resgate e aprumo foram feitas em seguir, injetando-se nitrogênio e ar comprimido nos tanques, para remover a água acumulada, porém sem sucesso, abandonaram a mesma. Segundo a agência nacional de petróleo (ANP) do Brasil, o acidente foi causado por "não-conformidades quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto
- 2003 - Vazamento de barragem em Cataguases...
Em 29 de março de 2003 ocorreu um vazamento de 1 bilhão de litros de lixívia negra – solução à base de carbonato de sódio, usada no cozimento da madeira para extração da celulose, composta de hidróxidos de sódio e material orgânico, além de chumbo, enxofre, hipoclorito de cálcio, sulfeto de sódio, antraquinona e outros materiais utilizados para fabricação de papel – do reservatório da Indústria Cataguases de papel e celulose, situada na região da Zona da Mata mineira.
O derramamento atingiu os rios Pomba e Paraíba do Sul, afetando a população que mora ao redor dos rios e tira seu sustento dos mesmos. A mancha tóxica liberada nos dois principais rios se expandiu rapidamente para 39 municípios da Zona da Mata e oito cidades do Norte Fluminense. Ao longo do vazamento foram vistos peixes, bois, bezerros, capivaras, jacarés, cavalos, cães, garças e gaviões mortos. A pesca foi proibida na região por 90 dias pelo Ibama. Os serviços de utilidade pública foram afetados pelo corte do abastecimento de água. As atividades rurais foram diretamente atingidas, com a destruição de pastagens, capineiras e poços.
Impactos socioambientais sentidos pela população:
- Corte na distribuição de água para diversas indústrias e 36 municípios, prejudicando mais de 700.000 pessoas;
- Suspensão temporária das atividades da pesca e extração de areia para a construção civil;
- Paralisação das aulas;
- Custos com a perfuração de poços artesianos e aluguel de caminhões pipa;
- Queda na demanda por pescado oriundo das áreas afetadas;
- Queda na arrecadação tributária nos municípios afetados, uma vez que as indústrias deixaram de produzir durante 10 a 20 dias.
Impacto Ambiental:
- Morte da vida aquática nos trechos dos rios que foram afetados.
Análises realizadas demonstraram a persistência dos resíduos no leito dos rios, como presença de metais pesados, dioxinas e furanos, altamente tóxicos.
- 2007 – Rompimento de barragem em Miraí...
Mais de 4 mil moradores de Miraí ficaram desalojados, Miraí tem cerca de 12,5 mil habitantes. Em Muriaé, o rio também transbordou. O nível da água subiu até quatro metros. Sete bairros ficaram alagados. Segundo a prefeitura, 1.200 casas foram atingidas.
As barragens, no Rio Fubá, ficaram vazias. A lama da mineradora, que estava represada nas barragens, inundou as duas cidades, causando estragos. Dois milhões de metros cúbicos de água e lama atingiram o rio e cobriram pastagens. Nas áreas urbanas, a lama invadiu casas, um campo de futebol e uma fábrica de tecidos. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais interditou a mineradora.
O Rio Fubá é afluente do Rio Muriaé, que banha oito municípios, três em Minas Gerais e cinco no Rio de Janeiro. Em ordem, de acordo com a proximidade à nascente, os municípios são os seguintes: Miraí (MG), Muriaé (MG), Patrocínio do Muriaé (MG), Laje do Muriaé (RJ), Itaperuna (RJ), Italva (RJ), Cardoso Moreira (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ). As chuvas dos últimos dias e o rompimento das barragens fizeram o Rio Muriaé subir um metro e trinta centímetros acima do nível normal.
Cerca de 100 mil habitantes foram afetados nessas regiões, pois tiveram que fazer racionamento de água.
Este foi o segundo acidente nas barragens da mineradora Rio Pomba, em menos de um ano. Em março de 2006, uma mistura de argila e água vazou de uma tubulação de concreto e invadiu córregos e o principal rio de Miraí. Centenas de peixes morreram por falta de oxigênio.
Em nota, a mineradora Rio Pomba Cataguases afirmou que o rompimento da barragem foi provocado pela "elevada concentração de chuvas em curto espaço de tempo".
- 2011 – Chuvas na região serrana do Rio...
Entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra na região. Os municípios mais afetados foram Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim na Região Serrana, e Areal na Região Centro-Sul do estado. Além destes, também foram afetados os municípios: Santa Maria Madalena, Sapucaia, Paraíba do Sul, São Sebastião do Alto, Três Rios, Cordeiro, Carmo, Macuco, Cantagalo.
Além das enchentes, registraram-se deslizamentos de terra, soterramento de casas e casos de leptospirose. O desastre provocou 905 mortes em sete cidades, afetando mais de 300 mil pessoas. A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro é considerada um dos dez maiores deslizamentos do mundo registrados desde 1900.
Segundo o INPE o que ocasionou esse sistema meteorológico foi a Zona de Convergência do Atlântico Sul, em dois dias a estação do INMET registrou 166 mm de chuva em Nova Friburgo, mais de 70% do valor histórico registrado para o mês.
De acordo com o Relatório Avaliação de Perdas e Danos: inundações e deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro, janeiro de 2011, elaborado pelo Banco Mundial, este desastre é considerado o pior desastre brasileiro em termos de danos humanos. As perdas e danos totais foram estimados em 4,8 bilhões de reais.
- 2011 - Vazamento de óleo em Bacia de Campos...
A perfuração de um poço no Campo do Frade provocou o vazamento de mais de três mil barris de petróleo e uma mancha na Bacia de Campos, no Norte Fluminense, em novembro de 2011. A falha da petrolífera norte-americana Chevron ligou o alerta de ambientalistas, que temiam o comprometimento da fauna marinha e o avanço do óleo para a costa.
A preocupação foi ainda maior porque a Transocean, empresa responsável pelo trabalho de perfuração no campo da Chevron, era a mesma envolvida na explosão de uma plataforma no Golfo do México, que despejou 5 milhões de barris no oceano em 2010. Para o jornalista André Trigueiro, o episódio brasileiro revelou a fragilidade do país para atuar em caso de vazamentos.
"Não estávamos prontos para episódios graves de vazamento. Se há um lado positivo nesse acidente, é que ele serviu para explicitar o nível de vulnerabilidade e de risco que o país corre quando há vazamento de óleo"
Poucos meses depois do acidente, a Chevron identificou um novo vazamento no Campo do Frade em março de 2012. Um sobrevoo da Marinha identificou uma mancha de um quilômetro na mesma região. Na época, própria empresa pediu a suspensão de suas operações no país. Em 2013, no entanto, a petrolífera foi autorizada a voltar a produzir petróleo, mas sem a perfuração de novos poços no Brasil.
- 2015 – Incêndio na Ultracargo...
O incêndio atingiu tanques de combustível de uma empresa no bairro Alemoa, em Santos, no litoral de São Paulo. A fumaça pode ser avistada de diversas cidades da Baixada Santista. Equipes do Corpo de Bombeiros de toda a região foram enviadas para o local. Por causa do incêndio, a entrada do Porto de Santos pela rodovia Anchieta precisou ser fechada.
A Prefeitura de Santos informou que algumas pessoas foram atendidas ainda no local, porém não houve vítimas fatais. 80 bombeiros trabalharam no combate, com apoio de 22 viaturas, sendo que 8 delas foram enviadas da capital paulista. Navios estavam atracados no Porto de Santos foram retirados do local para evitar problemas com possíveis explosões.
A Ultracargo informou que a equipe da brigada de incêndio evacuou a área e acionou um plano de ajuda mútua assim que a primeira explosão foi registrada.
O local onde ocorreu o incêndio abriga 175 tanques de capacidade de até 10 mil m³, cada um, em uma área de 183.871 m². A Ultracargo armazena produtos como combustíveis, óleos, vegetais, etanol, corrosivos e químicos.
- 2015 – Rompimento da barragem de Mariana...
Em 05 novembro de 2015, a tragédia ocorreu após o rompimento de uma barragem (Fundão) da mineradora Samarco, que é controlada pela Vale e pela BHP Billiton, provocando uma enxurrada de lama que devastou o distrito de Bento Rodrigues, deixando um rastro de destruição à medida que avançava pelo Rio Doce, provocando impactos ambientais incalculáveis e irreversíveis.
O acidente em Mariana liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama. Apesar de não possuir, segundo a Samarco, nenhum produto que causa intoxicação no homem, esses rejeitos causaram grandes devastações nos ecossistemas.
O rompimento da barragem afetou o rio Gualaxo, que é afluente do rio Carmo, o qual deságua no Rio Doce, um rio que abastece uma grande quantidade de cidades. À medida que a lama atingia os ambientes aquáticos, causava a morte de todos os organismos ali encontrados, como algas e peixes. Após o acidente, vários peixes morreram em razão da falta de oxigênio dissolvido na água e também em consequência da obstrução das brânquias. O ecossistema aquático desses rios foi completamente afetado e, consequentemente, os moradores que se beneficiavam da pesca.
A grande quantidade de lama lançada no ambiente afeta os rios não apenas no que diz respeito à vida aquática. Muitos desses rios sofrerão com assoreamento, mudanças nos cursos, diminuição da profundidade e até mesmo soterramento de nascentes. A lama, além de causar a morte dos rios, destruiu uma grande região ao redor desses locais. A força dos rejeitos arrancou a mata ciliar e o que restou foi coberto pelo material.
2019 – Rompimento de Barragem em Brumadinho...
Dia 25 de janeiro de 2019, rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em Minas Gerais, causou uma grande avalanche de rejeitos de minério de ferro. A Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão desabou, e a lama atingiu a área administrativa da Vale, bem como a comunidade da Vila Ferteco, deixando um grande rastro de destruição e centenas de mortes.
A barragem que se rompeu foi construída em 1976, estava inativada e apresentava um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A Vale afirmava que “a barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da Norma Brasileira”.
De acordo com a Vale, a lama proveniente do rompimento da barragem não era tóxica. Todavia, de qualquer forma, esse desastre representa problemas graves ao meio ambiente. A grande quantidade de material liberado passou por uma grande área, desencadeando de forma imediata a morte de várias pessoas e também de outros animais e plantas. É importante frisar que a região atingida é uma área com remanescentes da Mata Atlântica e, portanto, rica em biodiversidade.
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) no dia 01 de fevereiro de 2019, esclarece: "A área total ocupada pelos rejeitos, que parte da Barragem B1 até o encontro com o Rio Paraopeba, foi de 290,14 hectares. Deste total, a área da vegetação impactada representa 147,38 hectares."
Além disso, a lama, que contém ferro, sílica e água, atingiu o rio Paraopeba, que é um dos afluentes do rio São Francisco, afetando de maneira negativa a qualidade da água no local.
Urge salientar que, apesar da lama não ser considerada tóxicas pela Vale, as Secretarias de Estado de Saúde (SES-MG), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) comunicaram que a água presente no rio apresentava riscos à saúde humana e animal após resultados iniciais de monitoramento. Além da composição da lama, não podemos nos esquecer de que ela é também responsável por diminuir a quantidade de oxigênio disponível na água, desencadeando a morte da fauna e flora aquáticas. No que diz respeito ao rio São Francisco, a expectativa é de que a lama seja “diluída” antes de chegar ao rio.
O solo da região pode também ser afetado em virtude da grande quantidade de lama depositada. Um dos primeiros impactos é a alteração da composição original do solo. Além disso, a lama, ao secar, geralmente, torna a região bastante compacta, prejudicando o desenvolvimento de vegetação.
Os impactos ambientais do rompimento da barragem em Brumadinho foram provavelmente inferiores aos impactos do rompimento da barragem em Mariana, que é considerado o maior desastre ambiental do nosso país, por causar a morte do Rio Doce.